A família da criança dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA) está sempre em busca de alternativas para melhorar a qualidade de vida, tanto do autista quanto daqueles que o rodeiam. E por mais que a intervenção fundamentada na Análise do Comportamento Aplicada seja científica e terapeuticamente eficaz, muitas vezes, no âmbito familiar, parece “impossível” replicá-la.
Uma parceria feita por pesquisadores da Universidade de Montreal e da Escola de Ciências da Comunicação e Distúrbios da Universidade McGill, definiu a musicoterapia como um recurso promissor.
Os estudiosos recrutaram cerca de 51 crianças dentro do TEA, com idades de 6 a 12 anos e, em seguida, dividiram em dois grupos – um com música e outro não. E, ao longo de três meses de acompanhamento, perceberam avanços no desenvolvimento comunicacional do primeiro grupo.
O fato foi comprovado pela visualização de exames de ressonância magnética antes e depois da terapia musical.
Sabe-se que na criança com TEA é muito comum barreiras comportamentais que dificultam o processo de aprendizagem, tal como a hipersensibilidade e o desconforto na mudança de rotinas. Mas o estudo comprovou que a musicalização afeta diretamente a qualidade de vida e comunicação, já que a relação auditiva e motora é crucial na interação social.
De acordo com o neuropediatra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e autor do livro “Transtorno do Espectro Autista: como lidar”, Abram Topczewski, muitas crianças apresentam predileção pela música, bem como facilidade no manuseio de instrumentos musicais.
Mas como a música pode ajudar crianças autistas?
- Cantar e tocar instrumentos melhora a qualidade de comunicação social das crianças com TEA, visto que conecta regiões auditivas e motoras do cérebro.
- Facilita a abertura do canal de comunicação vocal e não vocal.
- Desenvolve habilidades de interação social, como também cognitivas, emocionais e comunicacionais.
- Reduz comportamentos estereotipados e amplia a criatividade, promovendo satisfação emocional.
- Sons melhoram o desenvolvimento auditivo.
- Gestos e danças estimulam a coordenação motora.
- Canto e imitação de sons fortalecem relações com o mundo real e ambiente diário.
- Alivia tensões e canaliza sentimentos por causa de sua ludicidade.
Para facilitar a promoção desses benefícios, a musicoterapia aplicada ao autismo, hoje em dia, pode se utilizar de computadores, softwares e dispositivos móveis, as TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação. E de certo modo, atuar como Tecnologia Assistiva (TA), isto é, usar recursos e serviços para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência física e cognitiva, a fim de promover vida independente e inclusão.
Almejando facilitar esse acesso, listamos aqui 4 ferramentas para trabalhar a imersão musical de crianças com autismo:
- EduMusical: Portal interativo relacionado com música. Através dele, a criança identifica a diferença de sons entre cada instrumento musical, praticando sua audição e percepção musical. Público: crianças e adolescentes.
- GenVirtual: Ferramenta de Realidade Aumentada (RA) que utiliza objetos do mundo real, mapeados em ambiente virtual. Para jogar, é preciso de uma webcam e imprimir cartas – que representam nota e instrumento musical. Atua estimulando a atenção, concentração e memorização de cores e sons emitidos. Público: pessoas com deficiência física e cognitiva.
- Magic Piano: Disponível para dispositivos móveis, inclusive IOS e Android, trata-se de um piano virtual. Utiliza bolinhas brilhantes para representar as notas musicais, em interface intuitiva simples que possibilita o usuário a assimilar Tempo, Ritmo e Acordes.
- Music Spectrum: Permite que o usuário explore um piano virtual e realize atividades cadastradas. Auxilia na intervenção musical para examinar a contribuição dos vários aspectos de cognição, tais como interação e participação. Público: crianças entre cinco e quatorze anos.