No universo do TEA, as crianças apresentam dificuldade para brincar, especialmente com os pares ou em contextos de grupo. Isso pode levar à perda de oportunidades de interação, participação em jogos e outras brincadeiras, resultando, muitas vezes, em isolamento.
Sem o suporte adequado, elas podem levar mais tempo para desenvolver habilidades de brincar, o que dificulta ainda mais sua participação em atividades com os colegas.
Quando você vê uma criança montando legos, brincando de inventar histórias ou correndo atrás de uma bola, pode parecer apenas um momento de diversão, e é também!
Mas, para quem trabalha com Análise do Comportamento Aplicada (ABA), a brincadeira faz parte da intervenção, pois é um momento rico de aprendizado e desenvolvimento de habilidades importantes.
Brincar estruturado é muito importante na ABA
A verdade é que brincar não é só brincar. É um grande combo de tudo que almejamos: desenvolvimento social, linguagem, atenção, autocontrole e muito mais, servido em uma bandeja cheia de cor, movimento e gargalhadas.
Diferente do que chamamos de brincadeira totalmente livre, no brincar estruturado o terapeuta organiza o ambiente, escolhe os brinquedos com um propósito e guia as interações para que a criança aprenda determinadas habilidades, tudo isso sem tirar a leveza e o prazer da brincadeira.
E por que o brincar estruturado funciona tão bem?
Porque transforma o aprendizado em algo natural, leve e divertido. A criança aprende sem nem perceber que está aprendendo!
Quando o ensino ocorre dentro do contexto lúdico da brincadeira, a motivação e o engajamento da criança em determinada atividade podem aumentar, elevando também as chances de progresso na intervenção.
No brincar estruturado, o terapeuta define objetivos específicos, como:
. Nomear cores e formas
. Manter contato visual
. Imitar ações simples
. Responder a instruções verbais
. Ampliar o repertório de brincadeiras simbólicas
É nesse espaço do faz de conta que surgem oportunidades preciosas para desenvolver habilidades sociais, de linguagem, imitação, resolução de problemas, além de compartilhar brinquedos, esperar a vez… Tudo pode ser ensinado enquanto a diversão acontece naturalmente.
Mas algumas coisas são essenciais:
Para crianças com TEA, vale levar em consideração que realizar uma atividade de cada vez, dar instruções simples e claras e usar dicas, sejam elas verbais ou visuais, por exemplo, aumentam a probabilidade de sucesso na aprendizagem, facilitando a compreensão e a participação da criança.
Além disso, essas estratégias ajudam a reduzir a ansiedade e promovem um ambiente mais acolhedor e previsível, essencial para o desenvolvimento efetivo das habilidade.
No final das contas, brincar é coisa séria! É um caminho para alcançar metas importantes e um lembrete de que a terapia pode (e deve!) ser divertida e principalmente, cheia de descobertas. Vamos brincar?
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Referências:
COSTA, C. S. S.; SOUZA, J. V. B. A importância do brincar no desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). WebArtigos, 2023. Disponível em: https://www.webartigos.com/storage/app/uploads/public/649/b3c/d12/649b3cd129f33384642748.pdf.
AZEVEDO, S. D. et al. Intervenções baseadas em brincadeiras para crianças autistas. ResearchGate, 2023. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/377724558_Intervencoes_baseadas_em_brincadeiras_para_criancas_autistas.