A revista “Pequenas Empresas & Grandes Negócios” do mês de Março foi dedicada ao mês das mulheres. Entre as empreendedoras celebradas estava a nossa sócia e especialista Maria Tereza, que fala sobre a mentoria recebida pela engenheira de vendas Aísa Pereira para fazer com que o nosso projeto acontecesse. A matéria vem acompanhada de um texto sobre a atual situação das mulheres no mercado empreendedor, os desafios que elas vêem enfrentando e as mudanças decorrentes disso, e você pode conferir tudo no texto abaixo:
– Aisa Pereira, 58 anos, fundadora da consultoria engenharia de vendas, de Recife (PE) é mentora de Maria Tereza Pedrosa, 29 anos, criadora da bHave, de Recife (PE)
“A primeira pergunta que faço para os empreendedores é: ‘O que o seu cliente vai ganhar a partir do seu negócio?’ ‘Por que você?’ Esse questionamento faz parte do meu trabalho na Engenharia de Vendas — consultoria para empreendimentos de software —, e também da mento-ria que ofereço no programa InovAtiva. Minha função como mentora é fazer as perguntas certas, destacando questões das quais o empreendedor não se deu conta.
É esse olhar genuíno e profissional que tem o poder de transformar.A Maria Tereza,da bHave, fez um workshop comigo. A empresa é muito inspiradora: criou um aplicativo para ajudar no tratamento de autistas. Mas notei que ela tinha dificuldades para vender e apresentar o projeto. Durante a mentoria, pedi a ela que vendesse o produto para mim. Depois, inverti o jogo, e fiz a venda para ela e o sócio. Ela ficou emocionada com o resultado. É preciso humildade para aceitar o que vem do mentor.”
“No meu trabalho com pacientes autistas, percebi que meu relacionamento com os pacientes poderia se beneficiar muito da análise de dados. Foi então que decidi criar uma ferramenta tecnológica capaz de auxiliar nesse processo. Em 2016, estruturei o projeto. Para entrar no mundo das startups, foi preciso sair da minha zona de conforto, fazer cursos e participar de eventos na área de tecnologia. Nesse sentido, a mentoria que recebemos no programa InovAtiva foi fundamental, pois ajudou a desenvolver novas habilidades. Depois do workshop com a Aisa, continuei acompanhando a empresária em outras plataformas. Além disso, fomos atrás de outras mentorias para acumular expertise. Acho que, na relação entre mentor e ‘mentorado’, a afinidade que surge entre as duas partes é essencial. Ainda estamos na fase de testes, mas nosso objetivo é construir um negócio com potencial de escala.”
DUPLAS PERFEITAS- Do encontro entre empresárias de sucesso e jovens fundadoras, surgem lideranças de mininas capazes de criar os negócios de impacto do futuro
-por Bel Moherdaui e Camila Gray.
Homens e mulheres abrem empresas coma mesma velocidade no Brasil — de acordo com a Serasa Experian, dos quase 2 milhões de novos negócios abertos em 2016, 47% foram fundados por mulheres. Esse equilíbrio, porém, é abalado alguns degraus acima: entre as companhias de alto rendimento (que tiveram crescimento de ao menos 20% ao ano nos últimos três anos), apenas 30% são lideradas por empreendedoras. “Há uma série de atributos importantes ao empreendedor de alta performance: otimismo, autoconfiança, desejo de protagonismo, apetite ao risco e resiliência. Mas, com alguma frequência, as mulheres enfrentam desafios justamente nessas questões. Além, é claro, de encararem uma questão cultural forte que dificulta o desenvolvimento dos negócios. Por isso, uma das nossas missões é entender esse cenário com mais clareza e trazer à tona mais exemplos de mulheres de sucesso que inspirem outras”, diz Camila Junqueira,diretora-geral da Endeavor.
Organização que tem como meta ampliar o impacto dos empreendedores no país, a Endeavor registra, entre as empresas de alto impacto que apoia, uma participação feminina de apenas 15% — embora o número venha crescendo a cada ano. Esse desequilíbrio de gêneros se repete no InovAtiva Brasil, programa de aceleração para startups realizado pelo Sebrae, em parceria com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Dos 646 negócios já acelerados, apenas 14% são fundados por mulheres.
Uma ferramenta que vem sendo adotada por diversos programas para diminuir essa discrepância de gêneros é a mentoria — mais especialmente aquela em que uma empresária de sucesso orienta e apoia uma empreendedora em ascensão. É esta a principal meta de plataformas como a Winning Women, criada pela consultoria Ernst & Young (EY) em 2006 nos Estados Unidos, e que neste ano reunirá sua sexta turma no Brasil. “Nosso objetivo é fomentar a liderança feminina”, afirma Raquel Teixeira, líder dos programas de liderança feminina da EY no país. O Winning Women, que tem inscrições abertas até o fim deste mês, fornece às participantes capacitação, troca de experiências e ampliação da rede de contatos via mentoria de um grupo de 22 empresárias.
No total, 46 empreendedoras já passaram pela formação, que é gratuita. A Rede Mulher Empreendedora é outra instituição que incentiva essa troca feminina, em projetos como o Café com Mentoria. “O processo de mentoria é essencial para qualquer empreendedor. E por quê feminina? Porque a mentora entende a fundo as questões que envolvem um negócio liderado por mulheres”, diz Ana Lúcia Fontes, fundadora da Rede.
Embora não tenham programas voltados especialmente para mulheres, Endeavor e InovAtiva atentam para a diferença entre as mentorias oferecidas por empresários e empresárias. “Pesquisas mostram que, no Brasil, embora na média tenham mais escolaridade que os homens e dediquem mais horas ao próprio negócio, em geral as empreendedoras se sentem menos preparadas do que eles. Por isso, e por compartilharem desafios, mentoras podem ter mais facilidade para desenvolver empada com outras empreendedoras e podem ter mais sensibilidade para trabalhar pontos necessários para crescer”, diz Renata Malheiros Henriques, gerente da unidade de acesso a mercados do Sebrae nacional. Nas próximas páginas, duplas de empreendedoras contam como mudaram para sempre as histórias umas das outras.
Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios- Edição 350, Março de 2018