
É comum associar as dificuldades de sono em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) à própria agitação do TEA. No entanto, a insônia pode ter diversas origens, e que nem sempre estão diretamente relacionadas ao diagnóstico.
A verdade é que o sono no TEA é um desafio muito mais comum do que imaginamos, mas o que não te explicaram é que ele pode ser multifatorial.
Pesquisas recentes, como as publicadas na Pediatric Clinics e na Molecular Autism, apontam que entre 40% e 80% das pessoas com TEA apresentam algum tipo de distúrbio do sono, como insônia, apneia ou distúrbios no ciclo sono-vigília.
Esses dados reforçam que a insônia é, de fato, uma preocupação significativa entre indivíduos com TEA. No entanto, é importante destacar que ela não deve ser entendida apenas como uma consequência direta da agitação associada ao transtorno.
As causas da insônia podem ser variadas e incluem:
- Aspectos sensoriais: luz forte, hipersensibilidade, ruídos, temperatura do ambiente.
- Rotina desorganizada: falta de previsibilidade ou ausência de rituais que preparem o corpo para dormir.
- Questões emocionais ou comportamentais: ansiedade, mudanças na rotina ou até estímulos digitais (celular ou televisão) próximos da hora de dormir.
Uma noite mal dormida não afeta apenas o humor. O sono está diretamente ligado à atenção, memória, linguagem e autorregulação emocional. A insônia recorrente podem apresentar:
- Dificuldade de concentração.
- Queda no aprendizado.
- Resistência a participar de interações sociais.
Por isso, a observação e o registro da rotina de sono de pessoas com TEA, por parte de familiares e profissionais, podem ser fundamentais. O ato de registrar informações de forma sistemática faz a diferença quando há alterações no sono e anotar apenas “dormiu mal” ou “esteve agitado” não é suficiente. O ideal é coletar dados sobre:
- Horário em que foi dormir e acordou.
- Número de vezes que despertou durante a noite.
- Rotina antes do sono (atividades, alimentação, uso de telas).
- Consequências observadas no dia seguinte (cansaço, falta de atenção, comportamentos desafiadores).
Esses registros permitem identificar padrões e diferenciar causas médicas, ambientais ou comportamentais, além de criar uma base confiável para o diálogo entre família e equipe multidisciplinar.
Ter uma ferramenta como a bHave torna esse processo mais ágil e organizado. Ao registrar diariamente informações relevantes sobre sono, comportamento e rotina, os profissionais têm dados mais claros para avaliar e planejar intervenções, a família participa ativamente do processo e a equipe multidisciplinar trabalha de forma integrada.
Dessa forma, a análise não fica restrita a percepções pontuais, mas se apoia em dados consistentes, possibilitando intervenções mais assertivas e personalizadas.
Quando falamos de insônia em pessoas com TEA, é preciso ter cuidado para não cair em explicações simplistas. Nem sempre a dificuldade de dormir é apenas “agitação do espectro”. Ao contrário, pode ser sinal de outros fatores que precisam de atenção.
A chave para diferenciar cada situação está no suporte profissional correto, na observação direta e nos registros contínuos, que dão clareza ao processo e fortalecem o planejamento de intervenções. Com o bHave, a coleta e visualização dos dados se torna mais prática e eficiente, auxiliando na tomada de decisão dos profissionais e garantindo, assim, que cada pessoa com TEA receba o cuidado e a estratégia que realmente precisa.
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Referências:
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DO SONO. Problemas de sono no autismo. Disponível em: https://www.apsono.com/pt/24-noticias/noticias-do-sono/511-problemas-de-sono-no-autismo
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MALOW, Beth A. et al. Sleep in children with autism spectrum disorder. Pediatric Clinics of North America, v. 61, n. 3, p. 385-398, 2014. DOI: 10.1016/j.pcl.2014.02.003.
MAPPA, Fernanda. Autismo e distúrbios do sono. Disponível em: https://fernandamappa.com.br/?119%2Fartigo%2Fautismo-e-o-disturbio-do-sono
MOLINA, Maria Teresa et al. Distúrbios do sono no transtorno do espectro autista: uma revisão para a prática médica. Revista Brasileira de Terapias Cognitivo-Comportamentais, v. 23, n. 1, p. 45-56, 2024. DOI: 10.5935/1678-317X.20240008.
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