Já falamos aqui que os sinais do Transtorno do Espectro Autista se manifestam, em muitos casos, antes mesmo dos três anos de idade, podendo ocorrer dificuldade da criança na interação social e na comunicação, bem como comportamentos repetitivos e interesses restritos.
Para um melhor desenvolvimento das pessoas que estão dentro do TEA, a ciência e, sobretudo, os terapeutas ABA, enfatizam a importância do diagnóstico e da intervenção precoce. A Análise do Comportamento Aplicada tem demonstrado excelentes resultados para crianças com algum desenvolvimento atípico. Aliada à ela, algumas terapias têm sido realizadas para garantir a integração eficaz da pessoa autista em ambientes que podem ser desafiadores, como o familiar e a escola, a exemplo da musicoterapia e o contato com pets. É importante ressaltar que apesar da ludicidade dessas práticas, bem como sua eficácia, o acompanhamento profissional é imprescindível.
Além dessas alternativas e, principalmente, como consequência do big data e do avanço tecnológico, percebeu-se que a robótica é mais uma facilitadora na socialização de crianças dentro do TEA, as quais tendem a apresentar maior interação com robôs – estimuladores da comunicação e diversão.
Em 1960, o cientista Seymour Papert do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), com o intuito de fortalecer as atividades intelectuais nas crianças, introduziu a robótica no ambiente escolar que, bem sabemos, é desafiador para algumas crianças autistas. A princípio, essa tecnologia foi implementada para auxiliar pessoas com deficiência (PCD ‘s) e, por promover recreatividade e conforto, sua aplicação foi estendida aos transtornos do neurodesenvolvimento.
Como os robôs auxiliam na socialização de crianças autistas?
Caracterizado enquanto machine learning, isto é, um sistema que modifica o seu comportamento autonomamente a partir de treinamento prévio para melhorar o desempenho de uma tarefa ou tomar a decisão mais apropriada ao contexto, o robô trabalha três aspectos na criança:
- Sensorial
- Percepção
- Interação
Nos três níveis, a máquina, que vale ressaltar, é supervisionada por um terapeuta e/ou profissional especializado, realiza atividades que exploram tato, visão, olfato e paladar. Oferece brinquedos; visualiza recursos midiáticos e repete os movimentos robotizados; convida a provar e cheirar alimentos, por exemplo. Nesse processo de aprendizagem, 15 itens comportamentais são observados:
- Relação com as pessoas.
- Imitação.
- Reação Emocional.
- Uso do Corpo.
- Uso dos Objetos.
- Adaptabilidade.
- Reação Visual.
- Reação Auditiva.
- Discriminação Tátil ou Gustativa.
- Reações Nervosas.
- Comunicação Vocal.
- Comunicação Não Vocal.
- Nível de Atividade.
- Nível de Resposta.
- Aceitação Tátil e Gustativa.
Em 2014, no Recife, o secretário executivo de Tecnologia da Educação, Francisco Luiz dos Santos, por intermédio do Programa Robótica na Escola, promoveu a inclusão dessas ferramentas no ambiente escolar. Os robôs contam com atividades e planejamentos previamente programados para cada aluno, com o intuito de propiciar coletivismo, autoria, criatividade, autonomia e, no caso de crianças e adolescentes autistas, atuam nas questões referentes à socialização.
Apesar dessa intervenção ainda não ter se popularizado, o implemento aliado à práticas integrativas cientificamente comprovadas – a Terapia ABA o implemento trouxe excelentes resultados, ao passo que permitiu o ensino de novas habilidades. Os robôs passaram a entender as necessidades de cada criança e, por intermédio de práticas recreativas, auxiliaram no desenvolvimento da linguagem e socialização.