11 passos para driblar a seletividade alimentar em crianças autistas

A University of Massachusetts Medical School realizou em 2010 uma pesquisa   comprovando que cerca de 67% das crianças dentro do espectro autista, apresentam transtorno ou seletividade alimentar. Já que os problemas de alimentação em crianças autistas são comuns, a preocupação com a dieta e os problemas de comportamentos presentes nas refeições podem gerar impaciência e estresse para familiares e cuidadores.

Em texto anterior, elencamos a importância de estar empenhado para lidar com alguns comportamentos que, no dia a dia, aparentam ser desafiadores. Com a  comida não é diferente, pois em muitos casos há a dificuldade e/ou recusa da criança de experimentar alimentos novos. 

Isso se dá, muitas vezes, pelo fato de que, ao comer, as crianças dentro do espectro autista recebem interferência de estímulos sensoriais, podem ter atrasos orais-motores, mas também por se mostrarem presas à rotina.

E por que o autista mostra seletividade ao comer?

A pesquisa realizada pela University of Massachusetts, constatou que quando em contato com gostos, cheiros e texturas diferentes do habitual, o autista apresenta uma resposta comportamental negativa. Um total de 41,7%, ao contrário das crianças com desenvolvimento típico que rejeitam cerca de 18,9% dos alimentos oferecidos.

Para além disso, exibem um repertório alimentar restrito, atentando, em especial, às cores dos alimentos. Ao comer, optam por refeições com cores vibrantes, como o amarelo e avermelhado e, por consequência, deixam de lado as que possuem coloração esverdeada, a exemplo do brócolis. 

De acordo com  pais e responsáveis, outros fatores guiam a seleção do alimento pela criança:

  1. TEXTURA (69%).
  2. APARÊNCIA (58%).
  3. SABOR (45%).
  4. CHEIRO (36%).
  5. TEMPERATURA (22%).

Vale lembrar que outros motivos podem estar associados, bem como o atraso de habilidades motoras orais, que demanda esforço na mastigação; padrões comportamentais, propulsores de insistência na rotina e inflexibilidade; e também doenças gastrointestinais, que causam desconforto, intolerância ou alergia ao se alimentar. 

Tendo em vista esses obstáculos, podemos entender a seletividade alimentar que rodeia crianças autistas.

Já que é no círculo familiar que acontecem a maior parte das refeições, pais e cuidadores podem ficar atentos aos comportamentos alimentares da criança.

A intervenção precoce é muito importante nos casos de distúrbios pediátricos da alimentação, incluindo a seletividade alimentar. O analista do comportamento trabalha em parceria com outros profissionais de áreas relacionadas como médico, fonoaudiólogo e nutricionista.

A ação de comer corresponde a uma cadeia de comportamentos complexos, que tem várias etapas. A organização do ambiente, a maneira de ofertar o alimento e o treino alimentar tornam a experiência mais agradável para a criança.

Afinal, o que fazer para ajudar a criança na aceitação do alimento?

Para facilitar a alimentação da criança, alguns passos podem ser seguidos:

  1. Estruture a rotina, em especial no que diz respeito à alimentação.
  2. Crie um passo a passo para familiarizar a criança com a hora de comer. Por exemplo: colocar a mesa / lavar as mãos / sentar / comer.
  3. Evite lanches e aperitivos fora da rotina, evitando perda de apetite.
  4. Realize refeições em família. Dessa forma, a criança pode ser movida a experimentar o que as outras pessoas estão a comer.
  5. Ofereça alimentos variados, mas não force o consumo.
  6. Incentive a comer sozinho.
  7. Brinque de “fazer comidinha”.
  8. Permita que a criança escolha os utensílios a serem postos na mesa. Questione com qual talher, prato ou copo ela prefere comer.
  9. Ao cozinhar, convide para ajudar, seja no lavar um legume ou até mesmo misturar um bolo.
  10. Cultive alimentos em horta com a ajuda da criança. Desse modo, ela se familiariza com o que vai ou não comer. 
  11. Celebre cada alimento novo que a criança comer.