O Ensino por Tentativas Discretas, do inglês, Discrete Trial Training – DTT, é um dos procedimentos de ensino mais utilizados na intervenção baseada em Análise do Comportamento Aplicada com pessoas dentro do espectro autista.
De acordo com Smith (2001) é um método para individualizar e simplificar as instruções, a fim de aprimorar cada vez mais o aprendizado das crianças.
O Ensino por Tentativas Discretas tem um formato mais estruturado e é caracterizado por dividir unidades pequenas de instruções em pequenos passos ensinados um de cada vez durante uma série de tentativas (Fazzio, 2007; Leaf & McEachin, 1999; Lear, 2004).
O DTT se caracteriza por um procedimento de ensino no qual o terapeuta (ou aplicador) tem um grande controle sobre a situação de ensino, estando em condições de manipular variáveis importantes para favorecer a aprendizagem de novos comportamentos por parte do aprendiz.
Ghezzy (2007 apud VARELLA E SOUZA, 2018)
Smith (2001) afirma que a tentativa discreta é uma pequena unidade de instrução dada pelo “professor” que trabalha de um para um – terapeuta (ou aplicador) e criança – em um ambiente livre de distrações.
A tentativa discreta possui cinco partes: estímulos discriminativos, a dica dada pelo terapeuta (ou aplicador), a resposta emitida pelo estudante, as consequências e o intervalo entre as tentativas (SMITH, 2001).
1. Estímulos Discriminativos
Segundo Moreira e Medeiros (2007) os estímulos discriminativos (SD’s) são estímulos que sinalizam que uma determinada resposta será reforçada. Catania (1998/1999 apud ALMEIDA E MARTONE, 2018) afirma que os SD’s são propriedades do ambiente que apontam qual será a resposta bem-sucedida em um dado contexto.
O professor apresenta uma instrução ou pergunta breve e clara, como “Faça isso” ou “O que é isso?”
Smith (2001)
Com base em Moreira e Martone (2018) a presença de um objeto especifica qual resposta deve ser emitida pelo estudante. Exemplo: para o comportamento de sentar na cadeira, a partir da instrução “senta na cadeira”, este objeto tem que estar presente no ambiente, de preferência com outros itens.
Nesta perspectiva, ainda de acordo com as autoras antes mencionadas, dois elementos são importantes: a instrução que especifica a resposta a ser reforçada e o objeto em si.
O bHave tem uma folha de registro digital e permite ao analista do comportamento cadastrar de forma isolada todos os alvos de ensino referentes a um programa. Também é possível descrever o procedimento, inclusive a contingência, ou deixar observações que serão visualizadas pelos terapeutas durante a aplicação.
2. Dicas
De acordo com Almeida e Martone (2018) dica é um tipo de ajuda que direciona o estudante para a emissão da resposta correta e é geralmente utilizada durante as primeiras sessões do ensino de uma nova habilidade. No momento de estruturar o programa de ensino, o analista do comportamento pode escolher entre duas categorias de dicas: dicas de estímulo (materiais utilizados) e dicas de resposta (fornecida pelo terapeuta ou aplicador).
Soluaga (2008 apud ALMEIDA E MARTONE, 2018) entende que as dicas precisam ser previamente programadas com o objetivo de garantir uma aprendizagem efetiva, com o mínimo de erros.
No bHave (Web e App) é possível modificar a dica de um programa de ensino de forma gradual, até que seja retirada por completo. O terapeuta (ou aplicador) pode iniciar o ensino de uma habilidade com dicas mais intrusivas (mais-para-menos) e gradativamente reduzir o nível da ajuda; pode começar o ensino com dicas menos intrusivas (menos-para-mais) e passar a fornecer dicas mais invasivas se necessário, e fazer o esvanecimento por atraso de dica.
3. Respostas
As respostas emitidas pelos estudantes durante o ensino podem ser corretas com ajuda, independentes ou incorretas. Almeida e Martone (2018) entendem que, para que o terapeuta (ou aplicador) consiga avaliar o nível de dificuldade da criança, a resposta alvo tem que ser um comportamento observável e mensurável.
De forma rápida e assertiva, o terapeuta (ou aplicador) marca as respostas emitidas pelos estudantes no bHave através do celular ou tablet. Não é preciso estar conectado para usar o App, a coleta de dados pode ser feita off-line.
4. Consequências
Almeida e Martone (2018) afirmam que este é o componente mais importante para o Ensino de Tentativas Discretas, uma vez que, sem consequências reforçadoras, se torna inviável o ensino e o fortalecimento de qualquer comportamento.
O reforço, com base em Moreira e Medeiros (2007, p. 51), “é o tipo de consequência do comportamento que aumenta a probabilidade de um determinado comportamento voltar a ocorrer”.
A utilização de reforçamento contínuo, onde é dada a consequência logo após o estudante emitir uma resposta correta, é mais eficiente para aquisição de uma nova habilidade. Entretanto, para a manutenção de comportamentos já adquiridos, esquemas de reforçamento intermitente são mais adequados (ALMEIDA; MARTONE, 2018).
Com o bHave, a orientação à equipe é feita de forma simples. No momento da aplicação o terapeuta terá acesso aos procedimentos dos treinos, deixados pelo analista do comportamento, onde pode conferir o planejamento do esquema de reforçamento.
5. Intervalo entre as tentativas
Depois de apresentar as consequências, que foram previamente programadas, as pausas indicam o fim de uma tentativa e início de outra (ALMEIDA; MARTONE, 2018). Esse intervalo pode corresponder ao tempo que o estudante tem acesso ao reforçador e que o terapeuta (ou aplicador) registra a reposta referente a tentativa que acabou de ser feita.
Após dar a consequência, o professor faz uma breve pausa (1 a 5 segundos) antes de apresentar a instrução para a próxima tentativa.
Smith (2001)
O bHave dá a opção de fazer a troca entre programas de ensino com um só click. Agora é possível realizar combinações de tentativas entre treinos sem perder tempo, nem a atenção dos estudantes.
Considerações
O Ensino por Tentativas Discretas por ser uma prática baseada em evidências, com um número significativo de oportunidades de ensino em um curto espaço de tempo e que se baseia na aprendizagem sem erros, é muito utilizado com pessoas que tem maiores dificuldades de aprender em contextos menos estruturados, mais próximos aos naturais.
Todavia, Smith (2001) salienta que os estudantes também precisam de ensino incidental para generalização das habilidades adquiriras e redução da dependência de dicas do terapeuta (ou aplicador).